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As quatro estações das adolescentes

As quatro estações das adolescentes

26
Set25

O Amigo Americano, Patricia Highsmith

★★★★★

O Amigo Americano foi o primeiro romance policial sem ser da Agatha Christie que li. E não desiludiu, pelo contrário. Eu adoro os policiais da Agatha Christie, já li imensos e continuarei a ler. É o meu género de eleição, é impossível desiludir-me. 

O Amigo Americano, de Patricia Highsmith,  retrata Jonathan Trevanny, um homem com um cancro terminal que recebe uma proposta: em troca de uma boa recompensa monetária, mata um ou dois mafiosos italianos. Ao contrário dos livros da Agatha Christie, aqui sabemos desde o início quem será o assassino. Eu adorei este livro, o segundo livro de 5 estrelas do ano. Esta obra é ambientada em França e na Alemanha, e as personagens principais são americanas. É o terceiro de uma série focada em Tom Ripley. 

o amigo americano.jpeg

*fotografia de minha autoria*

É super viciante, queremos sempre saber o que acontecerá a seguir. Tal como qualquer bom romance policial, temos alguns plot twists maravilhosos. Deparamo-nos com os dilemas morais de Jonathan: matar mafiosos italianos, gente perigosa que também não merece viver (segundo Reeves Minot, que lhe faz a proposta), e receber uma quantia monetária que conseguirá deixar à sua mulher e ao seu filho após a sua morte, ou rejeitar essa proposta e continuar a viver uma vida de miséria. Aparentemente, Jonathan não tem nada a perder - a sua vida já está em jogo pela sua doença terminal. Senti uma grande empatia pelo Jonathan ao folhear as páginas. 

Nesta obra, conseguimos perceber o poder dos boatos falsos e como podem destruir uma vida, literalmente. O livro foca bastante no estado psicológico das personagens, mais concretamente Jonathan e Tom Ripley (quem dá o nome de Jonathan para o assassínio), e gostei muito dessa camada. O fim é de partir o coração. 

Super recomendo a leitura, principalmente se gostarem de policiais. E vocês, já leram O Amigo Americano ou outro livro da autora? 

10
Set25

A Cor Púrpura, Alice Walker

★★★★★

A Cor Púrpura, de Alice Walker, retrata-nos a vida de duas irmãs negras: Celie e Nettie. Celie, uma menina de 14 anos, é abusada pelo homem a quem chama “pai” e engravida dele. Ele rouba-lhe os filhos e obriga-a a casar com outro homem, que a separa da sua irmã, Nettie. Entretanto, conhece Sugar, amante do seu marido e cantora. 

a cor purpura.jpeg

*fotografia de minha autoria*

Este romance epistolar é composto por, na primeira parte, cartas de Celie a Deus e, na segunda parte, as cartas entre Nettie e Celie, que se tentam reencontrar. Celie é uma menina pouco alfabetizada, então as cartas dela pautam-se por erros ortográficos, falta de pontuação (falta de aspas ou travessões nos diálogos, por exemplo) e um registo oral. Por outro lado, Nettie é mais alfabetizada e tornou-se missionária, tendo as suas cartas a linguagem correta. Gostei muito desta diferença, de modo a caracterizar melhor as personagens e dar um realismo à história, apesar de no início ter sido um pouco difícil habituar-me a este estilo.

Pela informação que tenho, parece-me que a tradutora fez um ótimo trabalho ao utilizar o português de África para dar voz à Celie, tendo em conta que a obra original se caracteriza pelo Black English. Tornou, assim, a tradução mais autêntica e fiel ao original.

Tal como dá para perceber pela sinopse, trata-se de um livro bastante pesado. Aconselho a leitura apenas se estiverem psicologicamente preparados para ler sobre estes temas de violência doméstica, abuso sexual e separação familiar. Apesar disso, felizmente há um final feliz!

Adorei este livro, trata de temas muito importantes que devem ser abordados pela literatura e não descansava enquanto não o terminasse - queremos sempre saber o que vai acontecer a seguir. Tem também alguns plot twists que obviamente não vos irei revelar. 

Tal como já tinha lido O Diário de Anne Frank e fiquei com curiosidade para ler outros diários, fiquei também com curiosidade para ler outros livros em formato de cartas.

Se já leram este magnífico livro, o que acharam?

04
Set25

O Diário de Anne Frank

Este ano li finalmente O Diário de Anne Frank. Já tinha tido antes vontade de o ler, mas nunca tinha decidido lê-lo, porque tinha receio de ser demasiado pesado e triste. Também o tinha posto de parte por preferir ficção e romances (no sentido de novels) à não ficção. Apesar disto, decidi comprar o Diário de Anne Frank e A Cor Púrpura.

Creio que toda a gente já conhece o livro, mas aqui vai: O Diário de Anne Frank é o diário de uma adolescente judia alemã, que se mudou juntamente com a família para Amesterdão de modo a fugir ao nazismo. Eventualmente, também Amesterdão foi ocupada pelos nazis, e a sua família teve de se esconder num anexo. Infelizmente, eles foram encontrados e levados para um campo de concentração, tendo apenas sobrevivido o pai de Anne que mais tarde publicou o diário dela. 

o diario de anne frank.jpeg

*fotografia de minha autoria*

Os meus receios em relação a este livro não corresponderam à realidade.  Este livro é maravilhoso  - a escrita de Anne é extraordinária, uma mera adolescente consegue captar muito bem a sua situação através da escrita. Ao contrário do que eu pensava, o livro não é pesado. A única coisa mais angustiante é ir vendo as páginas que faltam para o livro acabar, e perceber que o seu fim significa também o fim da vida de Anne. Acabar de ler o livro causa uma certa tristeza ao perceber que o Diário acabou, pois ela foi capturada pelos nazis. E o que ela poderia ter vivido caso isso nunca tivesse acontecido e caso o nazismo nunca tivesse emergido. Tal como qualquer adolescente, ela tinha os seus sonhos e aspirações. Ela queria ser escritora - e que ótimos livros ela teria escrito.

Escrever um diário é uma experiência realmente estranha para uma pessoa como eu. Não só porque nunca escrevi nada antes, mas também porque me parece que, mais tarde, nem eu nem ninguém estará interessado nos devaneios de uma rapariga de treze anos.

O livro não é propriamente deprimente, trata da vida normal de uma adolescente, mas a viver circunstâncias duras, sem poder sair do anexo. Apesar disso, oferecem prendas uns aos outros nos aniversários, têm as suas discussões, os seus problemas familiares. Questiono-me também como ficaria a mãe de Anne ao ler a dor que causava à sua filha retratada no Diário.

Ao ler o Diário, ao ler a vida da Anne no anexo, fiquei com imensa vontade de o visitar em Amesterdão. Espero um dia ter essa oportunidade. Fiquei também com alguma curiosidade em ler mais diários de outras pessoas no futuro.

No que toca à época e às circunstâncias do Holocausto, a Anne expressa algumas vezes o medo de serem descobertos e como outras pessoas já foram descobertos. E lermos os receios dela tornarem-se realidade é algo inquietante.

E vamos sempre combater o fascismo e evitar que histórias como esta voltem a acontecer.

Um beijinho <3

Grândola, Vila Morena

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