Review "Anne with an E": uma série linda para refletir
Oláaa!
Desde já peço desculpa por ter estado tanto tempo sem vir aqui publicar, mas não pude por causa dos testes. Nos momentos que até poderia ter vindo aqui estava sem muita vontade, portanto preferi não escrever nada. Tinha ainda 1 post para publicar nos rascunhos, mas não tinha acabado portanto...
Se estive muito tempo sem aqui vir, agora vou voltar mesmo e trazer-vos mais posts. Devido ao encerramento de escolas, à quarentena, ao coronavírus vou ter muito mais tempo para cá vir. Não vou ter de estudar para testes, fazer apresentações, portanto vou mesmo dedicar uma parte do meu tempo desta quarentena para vos trazer conteúdo!
Assim, volto agora para vos falar de uma série muito especial: Anne with an E! Vocês podem (e devem eheh) aproveitar este tempo de quarentena para ver esta série. É maravilhosa! Digo-vos já que este não é o meu género preferido ou eleito de séries e filmes, mas adorei completamente e maratonei as 3 temporadas num ápice. Agora até estou a ver a série pela segunda vez eheh Sendo que eu nunca vejo as séries mais que uma vez :) "Anne with an E" conta com 3 temporadas incríveis, sendo baseada no livro de 1908 "Anne of Green Gables", cuja autoria pertence a Lucy Montgomery. Dou-vos já uma notícia que me partiu o coração: a série foi cancelada. No entanto, eu ainda tenho esperança de que renovem, se não for a Netflix outro serviço de streaming, tal como a Disney +. Os fãs da série ainda não se renderam, há petições, colocam várias hashtags relacionadas com uma renovação, já pediram para várias plataformas de streaming renovarem, fizeram cartazes relacionados com tudo isto. Enfim, eu espero mesmo que haja 4ª temporada e ainda muitas mais eheh A esperança é a última a morrer!
A série é produzida pela CBC e distribuida pela Netflix. A época retratada são os finais do século XIX. É incrível como uma série passada nesta época consegue abordar assuntos tão atuais, tais como: racismo, homofobia, assédio, adoção tardia, liberdade de expressão, feminismo, amor próprio, bullying, definição de família, machismo. Aborda ainda temas da época como a escravidão, o extermínio dos índios e todo o progressismo e caminho para o feminismo. No entanto, estes assuntos são abordados com uma leveza e delicadeza magnífica, que não nos faz achar deste modo pesado ou até secantes. Achamos só maravilhoso!
Posso dizer-vos também que aprendi muitas lições ou reforcei. Às vezes, digo àlgumas frases da série, identifico-me com a Anne, recordo-me de algo que passou na série ou aprendi, enfim.
Bem, tal como na review de Prison Break vou dar-vos uma sinopse da série e a minha opinião (longa). No entanto, desta vez decidi não trazer spoilers (na verdade, dei uns mini-spoilers, mas não são significantes para a ação da história e o decorrer, são apenas pormenores).
Acho que já falei demais, portanto vou mesmo passar à próxima parte eheh :)
Sinopse: Anne é uma menina órfã muito inteligente, criativa e imaginativa que já passou por muitos abusos físicos e psicológicos. Assim, ela usa a sua vasta imaginação como um escape a todos os seus problemas. Esta acaba por ser adotada por dois irmãos solteirões, Marilla e Mathew Cuthbert, que inicialmente pretendiam um rapaz para os ajudar no campo. Assim, a Anne acaba por mudar a vida da sua família adotiva e ter um impacto em toda a vila de Avonlea. A história passa-se no fim do século XIX, abordando vários temas atuais, tais como, a homofobia, o bullying, a adoção tardia e a definição de família, o machismo e o feminismo, o assédio, a auto-aceitação e amor próprio, a menstruação, o racismo e a escravidão da época, a xenofobia e o extermínio dos índios.
A minha opinião: Ora bem, posso dizer-vos que tenho tanta coisa para falar que nem sei por onde começar. Adorei a personagem da Anne! Ela é criativa, imaginativa, inteligente, tagarela, por vezes fala sem pensar, questiona muitas coisas, não se contenta com o machismo existente na época, adora conhecer pessoas diferentes. Eu identifico-me um pouco com ela, porque também sou tagarela, adoro conversar, questiono muitas coisas, às vezes falo sem pensar, acredito que devemos lutar pelo que queremos, tenho um sentido de justiça. Ela é muito dramática, ou está super contente, tagarela, eufórica ou está triste, zangada. Não tem muito um meio-termo. A Anne é, sem dúvida, a minha personagem favorita. Nas primeiras temporadas, ela não gosta da sua imagem, de ser magra, sardenta, ruiva. Só me apetecia abaná-la e dizer-lhe que é gira. A sério, eu acho-a muito querida com as tranças ruivas e ela não gosta delas, por causa da sociedade. Que raiva! Adorei o papel da atriz que a representou, a Amybeth McNulty. Os monólogos estão incríveis, a interpretação está maravilhosa. Btw, a Anne amadureceu TANTO na 3ª temporada! Este é simplesmente mais um ponto a favor da Amybeth, representou a Anne lindamente! Acho também que todos os atores interpretaram as suas personagens incrivelmente.
Adorei a cena em que lhe veio a menstruação, sendo que depois conversa sobre isso com as colegas de turma. Gostei muito como o assunto foi abordado. Além disso, a cena inicial sobre esse tema foi mesmo cómica para mim ahah Aquele tema era completamente tabu naquela época. Algumas meninas faltavam às aulas quando estavam menstruadas, só porque podia haver um acidente e ficarem com o vestido manchado. Meu Deus! Há uma rapariga que até considera a menstruação nojenta, sendo que a Anne lhe responde logo de que é maravilhoso elas conseguirem criar alguém. Ótima resposta!
A Anne tem um ótimo sentido de justiça, defendendo logo alguém quando é acusado sem fundamento. Por exemplo, quando as pessoas são cruéis simplesmente porque sim, quando são preconceituosas, machistas, racistas, homofóbicas,... Ela demonstra o seu modo de olhar para a vida, a imaginação, a criatividade, o seu sentido de justiça, o seu dramatismo logo que chega a Avonlea. A Anne defende alguém quando este está a ser alvo de preconceito, quer seja sexismo, homofobia, racismo, ...
Além disto, por mais porcarias que as pessoas façam à Anne, ela trata-as sempre sem rancor. Ela é realmente uma rapariga que me inspira 🖤
Bem, falando agora em relação às outras personagens. Adorei os irmãos Matthew e Marilla Cuthbert! O irmão é um homem muito sensível e carinhoso, principalmente para a Anne, sendo que a adorou logo inicialmente. Ele tem um coração de ouro. É mesmo querido! Por um lado, ele é um homem um pouco diferente dos outros da sua época, uma vez que não é tão machista, não se opõe a muitos movimentos revolucionários. Por sua vez, a Marilla é uma mulher um pouco fria e severa, mas logo percebemos que também tem bom coração. Adorei ver a relação dela com a Anne. Inicialmente julguei que fosse muito fria, mas depois compreendi que é mesmo boa pessoa e querida. Nos primeiros episódios não gostava muito dela, mas a partir do 3º comecei a adorá-la eheh As conversas dela com a Anne são sempre giras para assistir. Tal como o irmão, ela é uma mulher carregada pelos traumas do passado. Quer seja a morte precoce de um outro irmão, a morte e o facto de ter tido de prestar apoio à mãe nos momentos mais difíceis, cuidar do Matthew,... (não digo mais para não ser spoiler).
A Rachel é simplesmente a fofoqueira de Avonlea. Por vezes, apetece rir com as coisas que ela diz e faz, mas na maior parte das vezes apetece esganá-la ahah No entanto, notou-se a evolução dela ao longo das 3 temporadas, sendo que gostei muito da personagem dela na 3ª. Eu detestei-a logo no primeiro episódio por uma certa ação que teve, mas depois comecei a detestá-la menos até suportá-la e, por sua vez, gostar dela.
A Diana é a melhor amiga da Anne, sendo que adoro aquela amizade. No entanto, na minha opinião, por vezes parece que existe mais que uma amizade eheh Ela é um pouco pressionada pela mãe para ser a "mulher perfeita". Assim, adoro os momentos em que a Diana é um pouco mais louca ou toma atitudes diferentes. Na 3ª temporada é até exibida a pressão que ela exigia a si própria ao mesmo tempo que queria ter mais liberdade. Acabava por ser um misto. A irmã dela é maravilhosa, a Minnie May eheh Que engraçada! A tia da Diana é uma poderosa mulher, adorei ver o papel dela na série. Teve um grande contributo para a vida da Anne, para a vida do Cole, essas duas últimas personagens conseguiram aprender muito com ela, sendo que adorei ver essa evolução!
A Ruby é outra amiga da Anne, juntando-se à Diana e à sua melhor amiga para ter um clube literário. Ela é uma rapariga muito querida e até carente. No início não gostava muito dela, mas logo comecei a adorá-la, juntamente com a Anne e a Diana. Nas duas primeiras temporadas era muito obcecada por um certo rapaz, o que a tornava um pouco desinteressante. No entanto, na terceira temporada foi o desapego que adorei! Chama-se evolução!
O Gilbert é um dos melhores rapazes da série. É um dos poucos homens não xenófobos da época. Aceita toda a gente, tem uma bela amizade com um negro vendo-o como igual, como irmão, o que naquela época era inapropriado. Não é machista, sendo que até apoia as ideias da Anne. Ele e a Anne são o melhor ship ahah: Shirbert!
O Cole é outro dos melhores rapazes da série. As pessoas no geral têm muito preconceito em relação a ele, pelo simples facto dele ser gay. Até pessoas que deviam defendê-lo são horríveis para ele. O Cole é um excelente artista também, faz obras incríveis! A Anne é das poucas amigas que ele tem, sendo que formam mesmo uma bela amizade. Adoro! Através daquela personagem conseguimos perceber a homofobia existente na época. Ele evolui imenso conseguindo ficar com uma auto-estima mais elevada e mais auto-confiante. Conseguiu superar tudo graças às suas duas amigas: a tia da Diana e a Anne. Assim, a homofobia é um assunto presente na série. No entanto, tal como os outros assuntos abordados, é tratado com uma leveza impressionante.
O Bash é o amigo negro do Gilbert, sendo uma ótima personagem para atentarmos o racismo existente na época.Vemos também que as pessoas ainda o observam como um escravo, quando a escravidão já tinha acabado no Canadá. Até a sua própria mãe o trata pior do que trata aos brancos, horrível! Também o shippei imenso com uma certa rapariga do gueto eheh O Gilbert e a Anne são as únicas pessoas que o tratam totalmente como iguais.
O Jerry é o rapaz que ajuda a família Cuthbert em Green Gables. Ele é um francês muito querido, proveniente de uma família pobre. Adorei quando a Anne se voluntaria para lhe ensinar a ler e escrever. Que fofos! Ele acaba por ser um pouco ingénuo e não querer muito, uma vez que foi habituado assim, já que é pobre.
A Prissy foi aquela personagem que evoluiu imenso na 3ª temporada, sendo que a adorei! Todo o empoderamento, o facto de estar mais feminista numa família absolutamente machista. O irmão dela também não ajuda e é horrível: machista, racista, homofóbico, xenófobo...
Por sua vez, a Miss Stacy, uma mulher progressista que não usa espartilho, utiliza a bicicleta para se deslocar, não se importa com a opinião alheia, utiliza calças àlgumas vezes, expressa os seus sentimentos através de arte, ensina as crianças de um modo não convencional trouxe ainda mais reforço do feminismo para a história. Tal como a Anne, a professora foi julgada inicialmente ao chegar a Avonlea. Ambas são pessoas diferentes, progressistas, expressam-se muito, estão à frente da sua época. São as duas mulheres inspiracionais e feministas!
Existem mais personagens que considero maravilhosas, mas sinto que já escrevi demais, poderia tornar-se maçante.
Bem, deixando agora de falar nas personagens esta série é mesmo incrível! Os cenários são muito bonitos. Podemos também aprender um pouco de como se vivia naquela época ao ver a série. Há vários costumes presentes interessantes. A música de entrada também é super gira eheh A própria banda sonora da série é maravilhosa, parece que aquelas músicas se enquadram perfeitamente na série, na Anne, em tudo!
Adorei o facto da série demonstrar o feminismo. Naquela época, a sociedade ditava que o lugar das mulheres era a cuidar da casa e dos filhos, a preocuparem-se em serem boas esposas. BOAS ESPOSAS! Como é que é possível? No entanto, a Anne repudiava este facto, sendo uma feminista sem saber. O "sonho" de algumas raparigas era serem boas esposas, pelo menos era o que a sociedade ditava. A Anne era uma rapariga à frente da sua época, uma vez que quebrava tabus. Ela queria casar-se, viver o verdadeiro amor. No entanto, queria apaixonar-se e casar-se SEM ter as responsabilidades de ser uma "boa esposa", de simplesmente cuidar da casa.
Outro conceito introduzido na série são as famílias não tradicionais. Desde a família dos Cuthbert, dois irmãos que adotaram uma menina, representando eles o papel de pais; até à família formada pelo Bash e o Gilbert, dois homens que se viam mutuamente como irmãos, mas eram muito diferentes.
O assédio sexual também é abordado, sendo que naquela época era normal os rapazes levantarem as saias das raparigas. Além disto, se um rapaz abusasse de uma rapariga a culpa era da rapariga. Como é possível?! Eles fazem porcaria e elas é que têm de ser mal vistas pela sociedade! Alguns pais das raparigas ainda iam pedir desculpa. Meu Deus! Pedir desculpa pela porcaria que NÃO fizeram.
Anne with an E é também uma série muito poética. A protagonista é uma leitora e sonhadora que adora professar as palavras mais belas e difíceis que existem para expor os seus sentimentos, as suas opiniões e nomear as belezas da vida. Ela é dona de uma personalidade que não aguenta estar calada perante a vida e o sofrimento imposto a si própria e aos outros pela sociedade.
Não sei o que posso dizer mais! Simplesmente vejam! A série passa mensagens maravilhosas, trata assuntos atuais e importantes de uma forma leve. "Anne with an E" é uma série tão boa que tenho imensa coisa para dizer, mas ao mesmo tempo nem sei como o fazer. A série fez-me refletir, dar valor ao que tenho, reforçar os meus valores, ensinar-me lições.
Finalizando, recomendo mesmo que vejam a série! Principalmente agora em tempos de quarentena, em que temos muito tempo livre. Se vocês já viram Anne with an E não se esqueçam de deixar a vossa opinião aí na caixa de comentários. Se ainda não viram, deixem aí aquelas séries que vocês adoram. Assim, aproveito para ter as vossas recomendações de séries que posso ver agora na quarentena. Btw, eu pretendo trazer mais posts relacionados com esta série, tais como lições que aprendi com a série, melhores momentos,... Vocês gostavam de ter estes conteúdos no blog? Tenho também a intenção de ler o livro "Anne of Green Gables", de Lucy Maud Montgomery, que é o livro em que a história foi baseada :)
Btw, na minha conta do blog do Pinterest eu tenho uma pasta de Anne with an E. Se quiserem lá ir basta irem à coluna lateral, na parte onde diz "Sigam-me" carreguem no ícone do Pinterest ;)
Beijinhos <3